Fui dar uma espreitadela ao Educ@naweb e encontrei este poema que fez parte do meu imaginário infantil e que nunca mais esqueci.
Não podia deixar de pegar no livro onde o aprendi e transcrevê-lo.
Há prendas que nos acompanham toda a vida, este livro "poesia para a infância", foi-me oferecido pela minha irmã no Natal de 1974, acompanha-me há 35 dos meus 42 anos.
A poesia nem sempre se compreende da primeira vez que se lê ou ouve, é algo a trabalhar repetidamente com as nossas crianças, pois vamos crescendo e cada dia que passa novas coisas vamos descobrindo no mesmo texto.
Este poema ilustra bem, todo mal que ainda hoje as pessoas que têm algum poder e pouco respeito pelos sentimentos dos outros, fazem sem pensar duas vezes.
Queremos para os nossos filhos e alunos uma consciência cívica plena, baseada no respeito pelo outro e pelas diferenças.
Então será assim que teremos que reger as nossas atitudes e posturas, para podermos ser um espelho onde estes valores e outros se reflectem... só palavras não chegam.
Que 2010 nos traga a humildade suficiente para perceber quando erramos e possamos sempre pedir desculpa, pois errar é humano e assumir os erros é indispensável para crescermos como pessoas.
"Era uma vez, lá na Judeia, um rei.
Feio bicho, de resto: uma cara de bicho sem cabresto
e duas grandes tranças.
A gente olhava ,reparava, e via
que naquela figura não havia
olhos de quem gosta de crianças.
E, na verdade, assim acontecia.
Porque um dia,
o malvado,
só por ter o poder de quem é rei,
por não ter coração,
sem mais nem menos,
mandou matar quantos eram pequenos
nas cidades e aldeias da nação.
Mas,
por acaso ou milagre, aconteceu
que, num burrinho pela areia fora,
fugiu
daquelas mãos de sangue um pequenino
que o vivo sol da vida acarinhou;
e bastou
esse palmo de sonho
para encher este mundo de alegria;
para crescer ser Deus;
e meter no inferno o tal das tranças,
só porque ele não gostava de crianças."
Miguel Torga
Um ano novo muito feliz e cheio de sucessos . Bjs Teresa
ResponderEliminarQue nome de blogue tão giro. Lembra "Perlimpimpim estórias de encantamentos"
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